Depois da homenagem ao Buarque, abaixo, uma menção a outro Chico, o Caruso, que produziu uma charge genial sobre o absurdo do roubo das peças de Portinari, no Masp. Síntese fantástica do inusitado acontecimento...
sexta-feira, 21 de dezembro de 2007
quinta-feira, 20 de dezembro de 2007
terça-feira, 11 de dezembro de 2007
domingo, 9 de dezembro de 2007
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domingo, 28 de outubro de 2007
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quarta-feira, 5 de setembro de 2007
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Se falar sobre a experiência vivida com o cantor deixa Patrícia entusiasmada, o mesmo não acontece quando o foco passa a ser o casamento com o deputado federal Ciro Gomes (PSB-CE), e uma possível crise entre o casal: "Não sei do que você está falando. Vamos deixar este assunto de lado?", pede, de forma carinhosa, mas definitiva. Também não se detém quando o assunto é a maternidade. "Às vezes penso nisso, às vezes, não. Aí complica, né? Porque para ser mãe tem de ter certeza", diz. Quando indagada sobre a possibilidade de ela e Ciro adotarem uma criança, a resposta é ainda mais direta. "Por enquanto, não. Acho linda a idéia, mas não conto com isso", finaliza.
sexta-feira, 17 de agosto de 2007
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A bela tem se equilibrado sobre um bom número de quilos a mais na silhueta, nos últimos tempos. Nem o pretinho básico consegue disfarçar o adiposo transcender de fronteiras. Em alguns momentos, chegou até a me lembrar o grande Gérard Depardieu e também Dany De Vitto, este, no caso, trajando o célebre Pingüim, de “Batman - O retorno”. De certa forma, o nada singelo detalhe em questão prejudica um pouco a sua performance, sobretudo nas canções mais viscerais – aquelas de “líquidos viscosos que escorrem pelas coxas, molhando-as de suor e mel, também salivadas no gozo carnal da morena pele cor de jambo com cheiro de maracujá...” e coisas do gênero. E olha que é esta sinestesia toda a tônica de “Dois quartos”...
Para driblar a falta de mobilidade evidente, o truque de Ana no exercer de domínio sobre a sede de samborocô da platéia é, claro, usar e abusar do vozeirão. E também do carão. Nestes quesitos, ela continua invicta desde que se refestelou no top, top, top das paradas. E ainda há o poema! Claro, o poeminha de lei, ora! Bethânia e ela gostam desta coisa de impactar com a palavra falada, lá pela meiúca de cada espetáculo catártico. A irmã de Caetano tem aquele jeitinho lépido de correr pelo palco como uma “Gabriela Cravo e Canela” vovozona e, logo depois, se dedicar à leitura de versinhos adocicados. Geralmente, a temática gira em torno do mar, das plantas, de algum riacho baiano, “do ventinho de Santo Amaro que passa pelos cabelos como a mão de um anjo nefelibata do bum-bum redondinho com cheirinho de Hipoglós...”. Uma coisa.
Já com Ana Carolina, o buraco é mais embaixo! E põe embaixo nisso! Num dado momento, sai por um lado do palco e, endiabrada, desanda a aparecer de outro. Caminha até a boca de cena. Gozo total. De repente, um “tcharan!” instrumental emoldurado por luzinhas piscantes. Ela, então, lança, um olhar certeiro e 43 na platéia. Parte do público se esvai em urina. Tambores rufam. Jesus Cristo se mexe nos crucifixos. O palco se ilumina. Todos paralizam. Micro-miados ecoam na platéia. Uma voz literária novamente se assanha: “Substanciosaaa!”. Os micro viram macro-miados. Safadíssimos. A platéia enlouquece e se transforma uma espécie de boate de panteras. Logo a gataria vai minguando e se contém. Ela começa:
“Eu quero dar na tua cara!!!” Seguem-se, quase, concomitantemente, gritos impublicáveis. Todo mundo dando a cara a bater e parecendo sonhar com tal climão sadomasô. Até umas algeminhas são giradas para o alto. Brincadeirinha... “Eu quero enfiar a unha nesta tez tua e sentir o grito incomodar a vizinhança! Eu quero cheirar o teu cheiro, gozar na tua boca, me se sentir toda tua. Nua”. Dá pra perceber que Ana quer coisa à beça! E o público quer porque quer que ela continue querendo. O show, àquela altura, atinge o status de culto religioso. A platéia em transe, uma boa sacanagem bailando no ar, a luz psicodélica dando toda uma ambientada classuda...
E assim... Bem, assim o corso segue nesta balada, a 180 por hora, até o fim. Talvez, o único momento over seja o segmento de conteúdo político. As canções destoam um pouco do conjunto final, estando aquém do orgasmo daquelas de maior sex appeal. Além disso, o finalzão mesmo, pelo menos no dia em que assisti, soou trash até a alma. E tudo porque o DJ Zé Pedro, uma criatura mala-sem-alça lançada pela Adriane Galisteu quando ainda era um embrião de apresentadora, foi convidado a subir ao palco. A performance esquisitona daquele ser quase abissal (sua careca emite luz) ensaiou colocar as duas primeiras horas a perder, mas, valhei-me, Santo Ambrósio!, não durou mais do que infindáveis... Cinco minutos! Dali mesmo, se Aninha eu fosse, teria enterrado aquela cabeça de lua do dito cujo em uma das privadas do Canecão.
Não faltarão oportunidades. Afinal de contas, a musa já se tornou obrigatória no palco dos palcos do Rio de Janeiro.
terça-feira, 31 de julho de 2007
Hable con ella...
O dia em que o blogueiro penetrou em um palacete do high society
Por Fabato
Jornalista está sujeito a tudo nesta vida. E a mim foi confiada a missão de entrevistar Carla Maverick Vargas (nome, obviamente, fictício), uma das divas do high society carioca de já finado antigamente. Algo, para fins de comparação, temporalmente, contemporâneo à queda do primeiro dentinho de leite do Barão de Mauá. Motivo de tão inusitada pauta? O fato de o clã da senhoura, residente no bairro do Flamengo, herdeiro da "Casa Maverick Vargas" – que fornecia picolé e paçoca para as forças Armadas desde a Guerra de Canudos – estar leiloando até mesmo as tomadas e maçanetas de seu luxuoso apartamento, de modo a saldar as dívidas que se acumulam há anos. O valor, módico toda vida, gira em torno de alguns milhões de reais. Bobagenzinha de nada.
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O leilão aconteceu há pouco tempo. Entre as preciosidades arrematadas, peças de Salvador Dali, Rodin, dentre outros, além de um aparelho de jantar de porcelana vietnamita rara para cerca de, pasmem!, 150 pessoas. Haja boca para tantos caviares embolorados, não é mesmo? O retrato que Picasso fez de Carla, para alegria da dona, foi o único objeto não comprado. A socialite nutre grande estima pelo quadro e havia, desde que bateram o martelo pela feitura do leilão, quase se rasgado toda diante da possibilidade de uma despedida. Não aconteceu.
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Pois bem, dinheiro arrecadado, parte da dívida saldada, considerável ágio sobre todas as peças. Nunca alguns artistas haviam sido tão valorizado no mercado de arte. E aí, no day after... Pinga a pautinha-mágica em minha mesa: “Vamos repercutir e publicar este fuzuê da alta sociedade! Hable con ella, Carlotinha!” Na mesma hora, pensei com os meus botões: “Será que, pelo menos, me deixarão passar do... Foyeur (ui...) do prédio?”. Não custava nada tentar.
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A assessoria de imprensa alegou que a socialite estava viajando. Mas não acreditei. Com alguns contatos aqui e acolá, em poucos minutos, já estava de posse do telefone do latifúndio suspenso dos Maverick Vargas. Disquei. Do outro lado, ecoou a voz do mordomo da família, Joaquim Gualberto I. “Dona Carla só poderá falar com o senhor a uma da tarde. De amanhã. Quando ela acorda”, disse o homem. No dia seguinte, claro, tornei a ligar no despertar de Cleópatra. Mais burocracia imperial. Fiz todo o charme possível para tentar burlar a guarda pretoriana construída ao redor do mito. E consegui falar com a velha manceba. “Hoje, às quatro da tarde, estarei em casa, já que meu advogado, Sr. Leocádio, virá aqui. Venha”, disse-me o mito Carlotinha. Uau! Estava assinada a permissão para penetrar na intimidade da pseudo-realeza pós-moderna.
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À hora combinada, prostrei-me diante do prédio. Eis que o meu celular, de forma insistente, desandou a vibrar. Era o tal assessor que havia negado a entrevista, sob a desculpa de uma possível “viagem” da socialite. “Soube que o senhor conseguiu a entrevista. Mas dona Carla resolveu não atendê-lo. A sua pauta caiu”, decretou, meio sem jeito. Só que eu já estava lá, diante de “Roma”. Como não tentar ver a Papisa? Fingi aceitar a nada boa nova do assessor, e me dirigi à portaria.
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Não é que autorizaram a minha entrada? “Assessorzinho bunda mole! Pensou que conteria o meu oxiúros jornalístico?”, falei comigo mesmo. Subi. De cara, fiquei 10 minutos preso no elevador, já que a porta do dito cujo estava trancafiada. O prédio faz aquele gênero antigo do... “Um apê por andar”. Passada a claustrofóbica espera, acabei recebido pelo inacreditável Joaquim Gualberto, o mordomo. Como descrever tal figura? Bem, o fato é que me senti transportado para... Sei lá... A corte de um dos Luíses, na França ainda absolutista. Como pensei, o vovô trajava um uniforme de criado-mor da fidalguia de idos séculos e ainda andava com a bunda magricela empinada, abusando de biquinhos, miados e indescritíveis maneirismos da ordem do... “Cago cheiroso sim, e daí?”. Segurei-me para não explodir em gargalhadas, logo no desembarque ao planeta desconhecido.
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“Estes porteiros são uns idiotas! Como deixam o senhor subir pela portaria dos fundos trazendo um Picasso?”, vociferou a criatura. “Mas eu não trago um Picasso. Vim entrevistar a sua patroa”, devolvi. Na mesma hora, notei que o monsieur caricatura havia trocado as bolas e me deixado subir por engano. Resolvi, então, dar um molho ao meu enredo, confundindo a memória daquela fraca figura: “Dona Carla mandou que eu viesse, e ainda disse que o advogado dela estaria comigo para a entrevista. Ele virá hoje, não é mesmo?”, questionei, cheio de segurança.
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Os anos de Tablado devem ter lustrado, com muito óleo de peroba, a caraça de mogno que me enfeita. Afinal de contas, como já dito, o advogado, realmente, iria ao palacete, conferindo veracidade à minha brincadeira. E Carla, ao decidir pelo cancelamento da entrevista, nitidamente, comunicara o fato somente à sua assessoria de imprensa, daí o desconhecimento do mordomo e a ligação recebida por mim, minutos antes. Para completar o furdunço, certamente, o Picasso sobrevivente à degola voltaria ao lar naquele instante, o que garantiu a minha entrada. A partir de então, momento em que passei a me considerar, totalmente, por cima da carne seca, o desconfiado homem até desmontou o seu afrescalhar exagerado, fazendo questão de me levar, cheio de deferência, à macro-sala de estar.
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Refestelei-me no sofá, já quase íntimo da família e de Joaquim Gualberto. Uma agora gracinha de senhor, o tal mordomo. Fui servido, reverenciado e paparicado. Aquele era, sem sombra de dúvida, um universo paralelo. Espécie de máquina do tempo que me levava ao passado, só que travestido de um visual over-trash toda vida. “Madame Carla se encontra no banho. Logo falarei da presença do senhor”, disse meu novo amigo do peito.
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Fiz que sim, com um semblante ordinaríssimo de nobreza recém-alcançada. Estava achando hilário aquele cenário empetecado e fora do real, altamente contrastante com a situação de leilão total da família. O criado figura, por si só, já insinuava esta contradição. Tantas poses, caras e bocas, frufrus e, talvez, há séculos não soubesse sequer a coloração de seu salário. Mas optei por ligar o “foda-se” para a iconoclastia e, no clima do Pan que já se foi, vivi a energia!
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Pois bem, lá estava eu, sem saber se a bela ou fera me receberia. Mas já amiguinho da principal ponte até ela. Um intruso no reino do balacobaco do pires na mão. Meia hora depois, pintou na área o advogado. Apresentamo-nos e engatamos um bom papo sobre a negociata que acontecera dias antes. Joaquim Gualberto nos assistia e achava tudo um encanto. Batia palminhas, ria de mansinho, seguindo algum tipo de script fidalgo esquizofrênico incompreensível. Praticamente, um amiguinho meu de infância. “Será que, realmente, conseguirei a entrevista?”, pensava eu, entre risos amarelos para ambos.
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Eis que, num dado instante, Leocádio, o lawyer, foi levado, pelo mordomo, para algum aposento além-corredor, de onde eu não havia passado. Carla, pelo visto, saíra dos sais de banho e o convocara. Depois que conversasse com o seu advogado, certamente, seria o momento da resposta à minha entrada no palacete. A partir da saída do homem rumo ao desconhecido, fiquei eu, sozinho, naquele salão de muitos e muitos metros quadrados, envolto em quinquilharias medievais e imerso em um sofá grená de maciez quase movediça. 10, 15, 20 minutos. Nada! “Abandonado até mesmo pelo meu grande amigo Joaquim Gualberto I, ó pai!”, lamuriava-me em sarcasmo.
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De repente... Um estrondo! Uma voz mais exaltada e alguma porta que bateu com força. Só faltou a clássica risadinha de bruxa para completar o cenário. Trovões sacudiram a janela. Os cinzeiros sobreviventes trincaram. As maçanetas não vendidas se sacudiram. Os candelabros italianos sem verba para velas caíram. E o pobre escriba que vos monopoliza, acorrentado àquele assento destruidor de colunas, deixou de ser o príncipe de antes para voltar à nada nobre condição de sapo cururu. Meu agora ex-amigo Joaquim Gualberto (como Gualbertinho fez isso comigo...?) voltou outra pessoa, ainda mais inclinado e arrebitado do que quando me atendeu, decretando: “Madame não vai recebê-lo! Por gentileza, o senhor queira se retirar!”, disse, rispidamente.
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“O que é isso, companheiro? E os nossos anos de amizade? Você, ao menos, vai me deixar fazer um xixi no toalete da família...”. As duas primeiras perguntas, obviamente, foram criadas para que tornassem este relato mais bonitinho. Agora... O pedido final, realmente, existiu. Já que, pelo barulho ouvido, a socialite havia ficado brava com a minha presença, ao menos eu poderia ver o troninho dos Maverick Vargas. Será que até o dito cujo entrara no leilão, tendo sobrado apenas um buraquinho para contar a história higiênica da família? Curiosidade jornalística, ora bolotas! Acabei vetado também neste quesito. Sem entrevista, nem alívios na privada arrematada. Joaquim Gualberto, o amigão de alguns minutos antes, voltara mesmo à condição de naja rebolativa. Buááá...
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No fim das contas, acabei, literalmente, conduzido pelo braço até a saída. Pelo menos, o caminho foi em direção à porta da frente, mesmo sem a pompa e circunstância do trato na sala de estar. Quando o elevador chegou, saltaram alguns homens uniformizados, carregando um belo quadro. Era ele! Lá estava a enigmática obra de arte: O velho amigo Picasso de guerra, que possibilitara a minha entrada. Nele, se via a única imagem de Carla Maverick Vargas com quem pude estar frente a frente. Olhei-a, fixamente. E posso jurar que ela deu uma piscadela marota para mim. Aquela ali tinha sido parceirona mesmo...
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De lá, voltei para a redação da revista. Certo de que, mesmo não tendo conseguido a entrevista ao vivo, ganhei uma grande história.
Qualquer semelhança com fatos e/ou pessoas reais, NÃO é mera coincidência. Comprem a revista Isto é ou Isto é Gente nesta quarta-feira e descubram de quem se trata...
segunda-feira, 23 de julho de 2007
"O cinema é o saneamento básico da alma". Esta frase de Fernanda Torres, que dispensa aplausos e comentários, sintetiza o encantamento que "Saneamento Básico - O Filme", detentor do selo "Jorge Furtado ("Ilha das Flores" e "Meu tio matou um cara") de qualidade", traz na bagagem. Tudo provocado por um cavalar tempero de emoção, sorriso, inventiva, e de uma brejeirice italiana gostosa toda vida, que permeia a trama. Essencialmente, inspirado na comédia Del’Arte, o longa pulveriza o seu comando na mão de quatro protagonistas e grandes atores – a já citada Fernandinha, Wagner Moura, Camila Pitanga e Bruno Garcia – e ainda permite vôos maravilhosos de Paulo José, Lázaro Ramos, Tonico Pereira e Janaína Kremer.
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domingo, 15 de julho de 2007
sábado, 14 de julho de 2007
Elza Soares, eternamente montada no formol e num bisturi de Pitanguy, abriu o show fazendo uma interpretação estilizada do hino nacional. Emocionou. Assim como a festa popular, o clamor na entrada da delegação brasileira, o calçadão de Copa desenhado por bandeirões, Adriana Calcanhoto – divina sobre uma enorme e romântica cadeira – , os fogos, todo o balé inebriante com que fomos contemplados.
E as vaias? As dirigidas a um constrangido Lula foram históricas! Tão acachapantes que fizeram uma cama de gato no protocolo, calando o presidente e as suas contemporizações. César Maia deve ter “relaxado e gozado” de felicidade... E aquelas endereçadas aos EUA e à Venezuela? Os atletas, claro, não têm nada com os problemas e esquisitices políticas dos governos, mas ficou no ar a idéia de que o esporte é sim uma forma ainda saudável para que seja dada vazão ao descontentamento com a nova ordem (ou desordem) mundial.
Engraçado foi assistir aos aplausos para a delegação de Cuba. Os comandados de Fidel são uma simpatia, as bandeirinhas em homenagem ao Brasil estavam uma graça, mas será que a maioria do estádio trocaria uma viagem à Disney, por um show em homenagem a Compay Segundo em uma rua de Havana? Contradições que fazem parte do show...
A pira high tech, à lá Mocidade Independente dos tempos de Renato Lage, foi acesa por um emocionado Joaquim Cruz, após dançar não mão de uma dúzia de ex-medalhistas olímpicos. Era a senha de que Rio 2007 estava mesmo se tornando uma realidade. Cauê fez forfait, nem deu as caras (talvez, tenha ficado preso no trânsito), mas ninguém sentiu falta.
Afinal de contas, “o Rio amanheceu cantando, toda a cidade amanheceu em flor...”. Tudo para que elas, as flores, se transformem em medalhas, organização, paz e alegria, aquilo que os cariocas, no fundo d’alma, desejam e acreditam.
Vale sonhar...
sexta-feira, 13 de julho de 2007
Meia dúzia de bobagens a caminho do Maracanã
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O citado Congo, a propósito, lá na “tonga da mironga” africana, virou a vedete do início dos jogos do Novo Mundo. Uma vedete do deboche, claro. O Brasil exigiu retratação, os EUA deportaram o Larry Rother versão assessoria de imprensa, até o Cauê, com a sua aparência esquisitona, fez beicinho, mas... Ninguém se lembrou de mandar sequer um e-mailzinho de desculpas ao pobre irmão Congo. Valia até convidá-lo (reparem no fato de eu ter tornado o país uma espécie de entidade) para, pelo menos, assistir à cerimônia preparada por Rosa Magalhães. Nem isso. Aliás, valha-me, Deus!, que a carnavalesca, com relação a idéias e concepção do evento como um todo, não esteja se espelhando nos dois últimos fracotes desfiles preparados para a sua velha Imperatriz de guerra...
Bem, mas lá vamos nós rumo ao couvert de uma possível Olimpíada em solo carioca! Depois que o Cristo Redentor conseguiu a proeza de ganhar da Acrópole grega na eleição das sete maravilhas do mundo moderno, tudo me parece possível. Não que eu não tenha ficado feliz, muito pelo contrário, mas os filósofos da Grécia antiga, certamente, resolveram reencarnar brasileiros depois desta loucura na ordem mundial dos monumentos históricos. Já estou até acreditando mesmo no sucesso deste Pan, que o Renan Calheiros é apenas um entendedor de vacas, jornalistas e bovinos em geral, e que ele, Cesar Maia, adentrará o Maracanã com a sua famosa jaquetinha sobre um vestido de Carmem Miranda. Tudo é festa e estamos no Brasil, não é mesmo?
Pano gold medal fast!
OBS: No registro exclusivo e semi-playboyzístico, Dona Lêda, aquela doidaraça que, em colunas anteriores, enxergou beleza no "rei" Roberto Carlos, mostrando estar no ritmo do furdunço esportivo...
sábado, 7 de julho de 2007
Sou réu confesso: Fui ao show de Roberto Carlos. Não que eu não o considere um dos expoentes de nossa música. Ele é, claro. Mas a combinação de fatalismo exagerado, TOC, adorações mórbidas, repertório repetitivo, flores vermelhas salivadas, ombrinhos dançantes e vovozinhas histéricas... Digamos... Não é a mistura mais fantástica deste planeta. Só que estou com uma meta musical ambiciosa - assistir a, pelo menos, um show de todos os artistas brasileiros consagrados em outrora que ainda estão vivos. Afinal de contas, não há como formalizar uma visão para discutir, em bares e afins, sobre Robertos, Ângelas Marias e até Elzas Soares sem vê-los em cena, não é mesmo? Aí reside o meu pressuposto.
Pois bem, acompanhei dois nobres exemplares de fãs do Rei, cujas adorações foram construídas em épocas distintas: Minha mãe e minha avó. Segui as madames na sexta-feira, 29 de junho. A Lêda filha já foi muito apaixonada por Roberto. Atualmente, tem o considerado meio démodé, sobretudo o visual capilar construído por fios e fios de chapinhas incendiárias. Já a matriarca da família, também Lêda, ama o dito “Robertinho”, incondicionalmente. Aplaude, delira, canta junto e ainda o acha “lindo”. Tenho de conversar seriamente com o oftalmologista da velhinha, mas isso fica para depois...
Sentamos os três em uma espécie de minifúndio de oito lugares, que comportava apenas mancebas seculares. Todas acharam “fofo” o fato de um rapaz de 20 e poucos estar assistindo ao espetáculo. Para ganhá-las, de cara, já cheguei com um discurso ensaiado: “Boa noite, meninas!”. Incrível como meninas acima de... Sei lá.... Trintinha, ficam maravilhadas ao serem chamadas de... Meninas! O que dizer daquelas de muitas décadas? É tiro e queda. Todas, como que por encanto, voltaram a ser as moçoilas virginais do verão dos inocentes.
O bafafá na bolsa de apostas do CityBank Hall, o velhusco Metropolitan de guerra, pouco antes de o Rei assumir o palco com o seu terninho azul de meio século, girava em torno de qual música abriria o concerto para a juventude. "Ora, desde sempre ele abre com a indefectível Emoções”, pensei eu, “mas vai que a nova fase mais light do homem o faça emendar um Nirvana na abertura?”. Tudo era possível naquele universo paralelo. O roteiro, entretanto, acabou por ser o que eu imaginara na entrada, quando filei um petisco de uma das adoráveis companheiras de mesa.
Elas, as “garotinhas”, mostraram-se maravilhadas quando o furdunço começou: “Quando eu estou aqui... Eu vivo este momento lindo...”. E eu, claro, comecei a viver aquele momento inquieto. O público de Roberto Carlos, como supunha, há anos e anos vê, exatamente, o mesmo show! E pior: Porta-se, em grande parte dos momentos, como se tudo fosse novidade! Um tipo de brincadeira, inconscientemente, negociada. Roberto finge que se reinventa, o público finge que acredita nisso. E eles “fingem” bem e felizes à beça.
Seguiram-se “Detalhes”, “Cavalgada”, “Outra vez”, todas elas canções munidas de um “ineditismo” assombroso, algumas até mais velhas do que eu. Roberto fazia charme, falava baixinho, sussurrava palavras indecifráveis, levando a vovozada a um transe de urina. Incrível como, a todo instante, rumavam caravanas, como aquelas que o Sílvio Santos adora exaltar, na direção do toalete. De fato, somente litros e mais litros de xixi para dar conta de tamanha emoção.
Em um dado momento, o cantor falou dos problemas psicológicos que enfrentou. Músicas como “Negro gato” e “É preciso saber viver”, ou tinham sido riscadas de seu repertório, ou apareciam capadas de algum verso. No caso desta última, “se o bem e o mal existem”, virara “se o bem e o bem existem”. Bastou Roberto conseguir cantar a letra em sua versão original, quando até brincou que a terapia estava dando certo, para que a casa de shows viesse abaixo. Uma mísera mudança fez o mundo encantado da terceira idade ficar mais florido. E olha que a palavra-mágica e tão desejada tinha sido “mal”. Vai entender...
Mas não resta dúvidas de que “Robertinho” faz bem a elas. E para esta característica devo tirar o chapéu. “Detalhes tão pequenos” dele com os seus súditos, a enormidade já conhecida. Nenhum Rei cultiva tanto tempo de majestade à toa. Há algo, realmente, especial no mito que detesta a cor marrom, que poderia sim passar uma máquina três naquela juba, que pagou mico no episódio do censurar biográfico. Ele é único. Na força que exerce, na breguice chique incorporada ao personagem, nos maneirismos caricatos de noite em motel de beira de estrada.
No final, os acordes de “Jesus Cristo” foram a senha para que a trupe da incontinência urinária mudasse de percurso, indo se reunir próxima ao palco. Bengalas voaram, ceguinhas voltaram a enxergar, centenárias viraram atletas olímpicas, em um inegável encenar pós–moderno do filme “Cocoon”: Hora das flores para a platéia. E olha que não foram poucas. Roberto, no mínimo, fez a limpa em umas três floriculturas. Depois de assistir ao ringue de luta livre que se formou entre a mulherada na disputa pelas rosas vermelhas, ele abraçou o seu maestro, Eduardo Lages, amigo desde o tempo em que tocaram juntos no début da Princesa Isabel, e se curvou para os aplausos.
Era a senha para o fim. O grand finale de um show que, na verdade, sempre volta. Para o bem, o riso e o rejuvenescimento de todos nós.
quinta-feira, 5 de julho de 2007
"Quem não tem seu sassarico..."
Por Fabato
segunda-feira, 2 de julho de 2007
Uma mãe de família casada há duas décadas e que trabalha há 25 anos no mesmo ramo. À primeira vista, ninguém desconfiaria que por trás deste currículo está uma das cantoras mais bem-sucedidas do país, modelo de beleza que atravessou gerações de apaixonados pelo rock brasileiro. Paula Toller não cabe mesmo em qualquer enquadramento. Vocalista e musa do Kid Abelha, o sorriso ainda jovem e a voz doce moldada por estradas de shows e aulas de canto lírico, desconstroem o mito logo na impressão inicial. Ali ainda está a menina que pediu à Alice que não escrevesse aquela carta de amor, só que amadurecida. E sempre pronta para encarar novos desafios, como o segundo CD solo, Só nós, que está sendo lançado pela Warner. São muitos os desejos de Paula com este novo trabalho, o principal deles é o de mostrar ao público canções autorais que mantinha guardadas, síntese do seu atual momento de vida. "Como acontece sempre, o que estava no fundo emergiu. E neste caso foi a busca de um retrato meu, a possibilidade de processar novas questões minhas", conta.
A personagem cantora não vai para casa. Não há personagem em casa. Isto é importante para que uma relação seja verdadeira. É uma coisa na qual investimos muito. No dia a dia, nos momentos legais, no trabalho, nos momentos de desentendimento. A idéia de "porque estamos juntos" nunca é esquecida.
Você é ciumenta?
Um pouco. Gosto da pessoa comigo, mas não de paralisar o meu marido, que nem é ciumento. No início do namoro sempre rola "o problema do futebol", que tira o namorado de perto da gente. Eu acabei com esse problema rapidinho, já que ia lá assistir, e depois eu mesma fui jogar futebol.
Como é a Paula mãe?
Sou mãe mesmo, exigente. Tenho este lado e, ao mesmo tempo, de ter o Gabriel como companheiro. A gente se ama muito, ri muito, se diverte e briga também. Eu não sou do tipo "mãe amiguinha", que quer aparecer com o filho, para os amigos do filho, não. Não tenho problema que me chamem de "tia", de "senhora". Ele sabe que pode contar comigo quando precisar.
Como é continuar símbolo sexual aos 45 anos?
É uma coisa que eu visto e depois eu dispo. Eu acho isto legal, me divirto com esta brincadeira de médico com a platéia. Eu posso ser a enfermeira gostosa, como posso ser a santinha. A graça do show é poder usar o seu poder, o seu charme, mas sem enlouquecer. No fundo, eu nem me acho bonita.
Você tem medo de envelhecer?
Eu procuro evitar estar com a saúde prejudicada, me cuidar. Tenho mais medo da doença do que da morte. Mas medo de envelhecer, não. Isto não tem jeito, é a lei natural das coisas. As marcas do tempo não são agradáveis, mas a cabeça tem de estar boa.
Há uma porção dona-de-casa por trás do mito Paula Toller?
Eu gosto de cozinhar, tenho também esta coisa "mulherzinha". Mas na cozinha vou mais por uma via trivial. Esse negócio de ousar, fazer pratos sofisticados, não é comigo. O Lui tem maior facilidade na cozinha.
Tem religião?
Não tenho religião. Elas apenas me atraem por conhecimento teórico. E quanto a Deus, bem, Deus não está nas minhas preocupações.
E a fé?
Não duvido da fé. Eu acho que a fé é uma coisa extremamente importante. Até porque dentro de qualquer projeto ou perspectiva, envolver-se em uma aura de positividade faz bem.
Faz análise?
Faço há um tempão, uns 20 anos. Sigo a linha freudiana. Eu não gosto do nome terapia. Acho análise bacana porque engloba inclusive a auto-análise, que eu também considero essencial. Você pode processar todos os dramas, obsessões, medos, angústias, e até entendê-los de maneira a fazer arte com tudo isso... O ser humano precisa do autoconhecimento, precisa deste mergulho dentro dele mesmo.