Elza Soares, eternamente montada no formol e num bisturi de Pitanguy, abriu o show fazendo uma interpretação estilizada do hino nacional. Emocionou. Assim como a festa popular, o clamor na entrada da delegação brasileira, o calçadão de Copa desenhado por bandeirões, Adriana Calcanhoto – divina sobre uma enorme e romântica cadeira – , os fogos, todo o balé inebriante com que fomos contemplados.
E as vaias? As dirigidas a um constrangido Lula foram históricas! Tão acachapantes que fizeram uma cama de gato no protocolo, calando o presidente e as suas contemporizações. César Maia deve ter “relaxado e gozado” de felicidade... E aquelas endereçadas aos EUA e à Venezuela? Os atletas, claro, não têm nada com os problemas e esquisitices políticas dos governos, mas ficou no ar a idéia de que o esporte é sim uma forma ainda saudável para que seja dada vazão ao descontentamento com a nova ordem (ou desordem) mundial.
Engraçado foi assistir aos aplausos para a delegação de Cuba. Os comandados de Fidel são uma simpatia, as bandeirinhas em homenagem ao Brasil estavam uma graça, mas será que a maioria do estádio trocaria uma viagem à Disney, por um show em homenagem a Compay Segundo em uma rua de Havana? Contradições que fazem parte do show...
A pira high tech, à lá Mocidade Independente dos tempos de Renato Lage, foi acesa por um emocionado Joaquim Cruz, após dançar não mão de uma dúzia de ex-medalhistas olímpicos. Era a senha de que Rio 2007 estava mesmo se tornando uma realidade. Cauê fez forfait, nem deu as caras (talvez, tenha ficado preso no trânsito), mas ninguém sentiu falta.
Afinal de contas, “o Rio amanheceu cantando, toda a cidade amanheceu em flor...”. Tudo para que elas, as flores, se transformem em medalhas, organização, paz e alegria, aquilo que os cariocas, no fundo d’alma, desejam e acreditam.
Vale sonhar...